sábado, 19 de dezembro de 2009

A Literatura é o Limite.

 
 Naquele quarto de hospital, perdido no corredor central, entre uniformes brancos, seringas e estetoscópios estava Daniela, a Dani de muitos amigos, aquela que sempre fora feliz, romântica e sonhadora.
Ah!, como é bom sonhar... sonhar com castelos, estrelas cadentes, fadas, cavaleiros montados em garbosos cavalos brancos...
Alí, deitada, Dani tentava estampar todas as figuras dos seus sonhos nas paredes brancas e frias.
A constatação de leucemia apressou seu futuro. Por quanto tempo?
Ela nunca soube.
Mas aquele anjo, vestida de enfermeira, chamada Silvia, apesar de não souber a medida do futuro daquela jovem de 15 anos, a quem trantos cuidados dispensava, troxe para dentro daquelas quatro paredes Sherazade e as mil e uma noites, Rapunzel, Romeu e Juliueta, Pandora, Ulisses, Dom Quixote... e eles foram ao longo das longas noites tomando seus postos: Penélope partiu para o abraço saudoso e apaixonado de Ulisses, Dom Quixote finalmente encontrou sua amada Dulcinéia, Romeu e Julieta amaram-se apaixonadamente e Dani...senti-se feliz por fazer parte desse mundo ao qual fora apresentada logo na infância lendo as longas hintórias nos livros os quais seu querido pai a apresentava.
E, quando viajava pela literatura, sentia-se bem. Os livros eram a morfina da qual tornara-se dependente.
Assim Dani passou seu breve futuro.
Numa noite fria, ela sonhou que um lindo príncipe em seu cavalo branco viera buscá-la os dois galoparam pela colina até desaparecerem na linha do horizonte.
                                                                                                     Gabi Venancio.